quinta-feira, 25 de junho de 2015

Bloodborne

Após o sucesso inesperado de Demon´s Souls e posteriormente de Dark Souls, a Sony se aproximou da From Software sugerindo o desenvolvimento cooperativo de um jogo. Miyazaki, produtor de Demon´s Souls, há tempos queria produzir um game que usasse o estilo gótico das histórias de Drácula, um universo que o encantava. O produtor também queria que a parte visual fosse a mais extravagante e detalhada possível, e ele sabia que somente os novos consoles permitiriam realizar o que ele havia pensado.

Como o Playstation 4 tinha sido recém apresentado à From Software, e como a Sony estava oferecendo ajuda com seu Japan Studio, Miyazaki resolveu oferecer seu novo projeto, que foi rapidamente encampado pela gigante japonesa, que acabou tornando Bloodborne um título exclusivo.

Desenvolvendo em conjunto com o talentoso Japan Studio, a From Software pode focar mais em detalhes e melhorias e menos em preocupações com o hardware. Depois de três anos de produção, nasce Bloodborne, o mais novo descendente da família Souls (mesmo que Miyazaki diga que não).

O jogo se passa na arruinada cidade de Yharnam com toda a sua imponência gótica, e que onde, de acordo com boatos, um potente remédio pode ser encontrado. Ao longo dos anos muitos viajantes fizeram peregrinações para a cidade em busca do remédio para curar as suas aflições.
Você é um destes viajantes ou caçadores, que logo ficará sabendo que toda a cidade está sofrendo de uma doença endêmica que transformou a maior parte de seus habitantes em criaturas bestiais. Na pele de nosso estranho herói, o jogador deverá percorrer as ruas de Yharnam e superar seus habitantes violentamente enlouquecidos e monstros horripilantes, a fim de sobreviver. Ou pelo menos tentar…

analise-finalboss-bloodborne-01Após uma breve animação, somos convidados a escolher um nome e selecionar o sexo de nosso personagem. O editor de personagens agora é bem mais robusto do que nos jogos anteriores da From Software, mas ainda não estamos falando de algo no estilo Dragon Age: Inquisition. Diversas opções são apresentadas, com muitas escolhas possíveis para melhorar (ou piorar) sua aparência. Os personagens são mais esbeltos e condizentes com o resto visual do game. Podemos escolher desde o formato do rosto até olhos, bochechas, barbas, cabelo, óculos e tatuagens, só para citar algumas das possibilidades.

Agora você escolhe a “Origem” do seu personagem, que representa o sistema de classes de Bloodborne. Nove origens deferentes são disponibilizadas inicialmente: Tímido, Único Sobrevivente e Infância Atribulada, só para citar algumas. Cada uma delas inicia com um nível (normalmente 10), alguns Ecos de Sangue (a “moeda” do jogo), e status diferenciado, como Vitalidade, Resistência, Força e etc.


Uma das coisas mais impressionantes em Bloodborne é sua ambientação gótica Vitoriana. Esta época, que como o nome já diz, foi o período do reinado da rainha Vitória (no Reino Unido), que ocorreu em meados do século XIX. Podemos claramente afirmar que raramente vemos um jogo onde tudo parece ter sido tão meticulosamente pensando e inserido para transformar o ambiente em algo assustador, sujo e dominado por pragas.


 Durante o período gótico na Europa, o poder religioso buscava converter sua importância para as estruturas de igrejas, catedrais e abadias através da grandiosidade dimensional presente neste estilo arquitetônico. O verticalismo das construções, que visavam se aproximar de Deus e destacar sua magnificência estão claramente presentes em Bloodborne. A atenção aos detalhes diminutos e à decoração intrincada marcou a arquitetura, o mobiliário, o vestuário e os estilos artísticos do período.
analise-finalboss-bloodborne-04-dNo game, gárgulas, caixões e uma série de esculturas grotescas enaltecem de maneira bastante sombria o ambiente. Sujeira, poças de lama e animais mortos ajudam a completar o clima soturno e desesperador do novo jogo de Miyazaki San.

Além da beleza visual dos cenários, temos uma das melhores estruturas de níveis já feitas em um game. Becos, ruelas, praças, igrejas, castelos e esgotos são interligados de maneira primorosa. A anatomia destes cenários é realmente espetacular. O jogo é cheio de atalhos, que aos poucos vão sendo liberados. Uma volta gigantesca inicialmente pode ser encurtada com um simples portão aberto mais pra frente no jogo.

E não se engane achando que Bloodborne é composto apenas por construções. Florestas milenares, grutas, montanhas e muitos outros cenários inóspitos moldam com elegância e terror sua aventura. Você nunca cansa de explorar os cenários de Yharnam. Um verdadeiro trabalho de arte.

Mesmo o Sonho do Caçador, que é a área central do jogo e que interliga tudo, permite um pouco de exploração. Aliás, é lá que você evolui seu personagem, compra itens com os mensageiros (pequenas caveirinhas amontoadas), aprimora suas armas na oficina e gerencia seus itens em um depósito.

O Sonho do Caçador é um dos poucos lugares em que você vai se sentir seguro em Bloodborne, principalmente porque o jogo não pausa nem quando você está no menu, gerenciando alguma coisa. Mesmo nestes momentos você pode ser atacado e morto.
Portanto a palavra de ordem no game é: “Sempre Alerta”.
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As músicas em Bloodborne não são nada menos do que excepcionais
As músicas em Bloodborne não são nada menos do que excepcionais. Gravadas em Londres no famoso  Abbey Road Studios, com 32 pessoas participando do coro e mais de 65 instrumentistas, elas ajudam a ambientar o visual com melodias que adicionam tensão total ao jogo, auxiliadas também pelos excelentes efeitos sonoros. Choro, pedidos de ajuda, grunhidos, risadas maléficas e sons diferenciados dos inimigos modelam com perfeição e enaltecem o mundo de Yharnam. O jogo foi todo traduzido para o português, de maneira exemplar. Mas a dublagem nacional em alguns momentos não é tão primorosa como alguns outros títulos que a Sony tem lançado no Brasil.

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O que seria do universo de Bloodborne sem seus impiedosos inimigos? E principalmente seus chefões? Os inimigos normais estão bem variados, não só visualmente, como em termos de ataque e ações que efetuam contra seu caçador. A grande maioria deles tem um visual apodrecido pela praga que assola a cidade, e passam um ar extremamente nojento. Pássaros gigantes que se arrastam pelo chão e tentam voar ou te bicar, quando você se aproxima. Licantropos desengonçados, porcos carcomidos com a pele apodrecendo e pessoas deformadas pela doença que partem ensandecidas na sua direção, são apenas alguns dos adversários comuns espalhados pelo sombrio universo de Bloodborne.

Os Bosses estão bem intimidadores e você vai ralar um bocado para descobrir seus movimentos
Os Bosses estão bem intimidadores e você vai ralar um bocado para descobrir seus movimentos, que estão bem variados. Estes chefões variam de tamanho, mas nunca de ferocidade e animosidade. A grande maioria vai partir freneticamente para cima de você assim que o vir, tentando, e na maioria das vezes conseguindo te matar. Podemos dizer que boa parte da satisfação do jogo está justamente em saber como evitar os golpes mortais de cada um deles e o momento certo de atacar estas feras.

Apesar de diversas semelhanças entre Bloodborne e os jogos da série Souls, em termos de jogabilidade o fator principal é que, neste último jogo, o combate é sempre bem mais próximo… E com isso mais desafiante ainda. Nos outros games, flechas e magias permitiam que você de bem mais longe atacasse e matasse diversos inimigos. Era só se manter em uma distância segura e pronto, mandava ver sem se aproximar e ser atingido. Agora não… Em Bloodborne esta possibilidade não existe, e apesar das pistolas ou mesmo coquetéis molotov permitirem um arremesso a certa distância do alvo, temos um combate muito mais visceral e intenso. A dificuldade do jogo na verdade é causada pelos seus erros e por sua impaciência, e não por inimigos apelões.

A dificuldade do jogo na verdade é causada pelos seus erros e por sua impaciência, e não por inimigos apelões.
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Falando em pistolas, o armamento em Bloodborne é bem importante, e cada arma tem suas características que podem, e devem ser melhoradas. Cutelo, machado, lança, bastão, martelo entre outras, são as armas que podem ser carregadas na sua mão direita, enquanto pistolas, bacamarte, tochas e etc., são usadas na mão esquerda. Todas as armas da mão direita tem um segundo estágio, que as transformam normalmente em uma arma mais longa e poderosa, mas com menos velocidade. Quando usar cada estágio? Vai depender do local, tipo de inimigo ou chefão que você esteja enfrentando no momento, ou mesmo do seu estilo de jogo…

Algumas gemas especiais permitem que você acrescente atributos como ataque físico, perfurante, contusão, arcano e etc.
Todas as armas podem ter seus atributos melhorados. Para isso você tem que juntar determinadas gemas e levar em uma oficina dentro da casa do Sonho do Caçador. Quanto mais alto o nível da arma (de um máximo de 10), mais danos ela causará. E quanto mais alto o nível estiver, mais difícil se tornará para encontrar as gemas necessárias. Algumas gemas especiais permitem que você acrescente atributos como ataque físico, perfurante, contusão, arcano e etc., quando as mesmas são adicionadas a ela. De acordo com o uso, as armas poder ser danificadas e devem ser reparadas na mesma bancada, com um custo não muito alto de “Ecos de Sangue”.

As mensagens espalhadas por Bloodborne, suas ou de outros jogadores, agora podem ser bem mais detalhadas, com muito mais modelos de frases e palavras do que antes. Podemos inserir até conjunções (e, mas, ou e etc.), deixando caso queira, mensagens escritas corretamente e mais esclarecedoras. Assim como na série Souls, as pessoas podem votar se a mensagem ajudou de alguma forma ou não. Temos também agora pequenas lápides, que quando clicadas, mostram como o falecido em questão foi executado.

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Os jogos cooperativos e as invasões pegam bastante coisa dos games anteriores da From Software, mas aprimoram de maneira bem bacana. Existem três sinos e um silenciador. Um deles (Sino Ressonante) chama parceiros para o modo cooperativo, outro (Sino Ressonante Pequeno) disponibiliza seu herói para ajudar outros jogadores, e outro (Sino Ressonante Sinistro) você toca para invadir mundos alheios. O silenciador é usado quando você quer terminar uma sessão cooperativa.

Para cooperar ou invadir você gasta o que é chamado no jogo de “Discernimento”, que pode ser recuperado coletando determinados itens ou matando alguns chefões. Uma coisa bacana também é que nas opções, você pode selecionar se quer liberar o modo cooperativo só para a sua região ou global. Pode também incluir uma senha que facilita o jogo cooperativo com amigos, se todos colocarem a mesma. Tudo é simples, mas funciona bem…



analise-finalboss-bloodborne-07Nos subterrâneos da cidade de Yharnan estão localizadas as ruínas denominadas de Masmorra do Cálice. No jogo, estas ruínas são geradas de maneira procedural, e cada vez que você se conecta vai se aventurar por cenários diferenciados. Isso dá bastante longevidade ao game, visto que você nunca sabe o que te espera, precisando sempre repensar suas estratégias. Estes dungeons possuem vários níveis e até mesmo Bosses para serem enfrentados.
Os produtores esperam que desta forma, os jogadores se mantenham ocupados durante um bom tempo, já que vão poder sempre contar com novidades e locais prontos para serem explorados.

Para acessar as Masmorras do Cálice, você precisa encontrar alguns cálices durante sua aventura (normalmente matando Bosses). No “Sonho do Caçador” existem diversas lápides, e algumas destas lápides necessitam de cálices para que você possa acessá-las através de um ritual. Feito isso você tem acesso a um pequeno menu onde você pode criar, buscar e mesmo compartilhar estas masmorras. Lembrando que cada um destes calabouços apresenta uma identidade única.

A primeira Masmorra  é a do Cálice Pthumeriano, que pode conter até três níveis. O jogador tem de procurar nestes níveis o mecanismo que abrirá e dará acesso ao Boss deste calabouço. Depois de aberta a porta do Chefão, mesmo que você morra, ela continuará aberta, facilitando o acesso ao dito cujo. Diferentes cálices dão acesso a diferentes tipos de ambientação e diferentes tipos de inimigos. Uma ideia bacana, que foi bem elaborada pela equipe de Bloodborne.

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 Apesar da ambientação magistral, se for analisar a qualidade técnica mais a fundo, percebemos que algumas coisas deixam a desejar em Bloodborne. A qualidade de algumas texturas não são tão boas para os padrões que esperamos atualmente. A taxa de quadros não se mantem sempre estável, e mesmo os loadings são bem demorados, principalmente quando você morre e tem de renascer em uma “Lanterna de Mensageiros” (antigos “Bonfires” da série Souls).
Retornar para a área central do jogo, agora chamado de “Sonho do Caçador” também exige carregamento, e que infelizmente não é tão rápido como deveria ser. Outro problema é que se você quer ir de um ponto para outro, sempre tem que passar pelo “Sonho do Caçador”, caso não queria ir andando. Poderíamos ter uma lista com todos os locais já desbloqueados, conforme os jogos anteriores da própria empresa, o que evitaria pelo menos um carregamento, que quando você está no pique e na fome de jogar, não é nada agradável.

Teste original: Marcio vivas

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